quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Não casou. Transou. Ih, essa não obedece a Deus!

Depois de muito tempo, volto a escrever alguma coisa (não necessariamente interessante, rs) aqui no meu blog. Devo dizer que a troca de ideias com o "mano" @tiago_vianna no twitter me deu ânimo novo.
Por falar em twitter, vcs não têm noção de como eu AMO essa ferramenta. E não é porque eu fico inevitavelmente sabendo o que meus amigos de rua ou de faculdade estão fazendo em determinado momento, mas porque em nenhum outro lugar eu tenho a possibilidade de estar tão perto do pensamento de caras que eu super admiro como Ed René Kivitz, José Barbosa Jr., Ricardo Gondim, Carlinhos Veiga e o próprio Tiago Vianna, entre outros. São pessoas que admiro pela ética cristã, pelo compromisso diferenciado do que se vê por aí, pela encantadora relação com Deus, pela música de muita qualidade.
E falando em ética cristã, confesso que o que mais me impulsionou a vir escrever aqui novamente foi a recente descoberta de que mais uma adolescente da igreja em que eu era membro está grávida. E não me impulsiono pela gravidez em si, mas pela reação a ela.
Sinceramente, tenho comigo a certeza de que Deus não está nem um pouco preocupado com o fato de esses adolescentes terem relações sexuais com seus seus a namorados(as) de alguns anos, os quais amam e com os quais pretendem casar ( ou não!).
Não me venham, por favor, com recitativos bíblicos dizendo que Paulo manda o pessoal se abster da fornicação e dizendo que é melhor casar do que abrasar. Esse discurso não cola comigo. O que vejo nas igrejas são dois tipos de jovens: aqueles que têm relações antes de casar e são excluídos, formalmente ou não; e aqueles que Só conseguem pensar em casar e estruturam toda sua vida em torno disso porque, dentre outros motivos, não vêem a hora de poderem se relacionar íntima e profundamente com seus parceiros.
Não estou aqui defendendo o sexo antes do casamento(acho até louvável querer casar virgem), mas também não estou o demonizando, apenas querendo dizer que as relações da juventude com Deus não podem ser baseadas quase que 90% nisso. E que o fato de alguém fazer sexo antes do casamento não desqualifica seu relacionamento com Deus.
Para mim é muito simples: Deus quer mais que você case virgem ou que consiga amar a seu próximo como a si mesmo? Considerando o maior dos mandamentos...
Obviamente, uma coisa não exclui a outra. Vc pode ser virgem e amar o próximo, não ser virgem e não amar o próximo, ser virgem e não amar o próximo ou até (pasmem os tradionalíssimos!)não ser virgem e amar o próximo. e quando digo amar o próximo, digo AMAR mesmo, com todas as implicações que este ato traz.
Enfim, voltando à adolescente que mencionei, afirmo que fiquei muito triste com a notícia. Não por achar que Deus vai castigá-la, mas pelas reações que ouço no meio do povo evangélico, por ver poucas demonstrações de carinho e muitas de reprovação. Tenho certeza de que ela, mais do que ninguém, vai sentir na pele as consequencias de uma gravidez precoce e não precisa de ninguém acusando, como também não precisa de ninguém passando a mão na cabeça. Precisa de amor.
Uma adolescente grávida no meio da igreja também é uma bela oportunidade para as outras se vangloriarem por serem virgens. As mesmas que fazem de tudo com seus namorados, mas mantêm seu hímen intacto. Isso é virgindade?
No meu mundo, isso se chama hipocrisia e me irrita profundamente.
Espero que não apareçam mais adolescentes grávidas por aí, na igreja e fora dela. Como já disse, não para que não sofram o tradicional "castigo de Deus", mas para que a vida (espelhada nas pessoas) as machuque menos. Infelizmente, sei que aparecerão, fora da igreja e dentro dela também, porque uma instituição que reprime sem saber direito o porquê, reprimindo por reprimir, não pode esperar muito de ninguém.
Como disse Ed René kivitz, eu quero mais Cristo e menos Cristianismo. Quero viver para amar como Jesus amou, não para defender doutrinas muitas vezes indefensáveis.

Falei muito, talvez esteja um pouco confuso, mas precisava desse desabafo. Estou apenas pensando e convidando para a reflexão conjunta.
Abraços!
Amem. Amém.

3 comentários:

Ana Claudia disse...

Caraaca! minha irmã é muito inteligente!

Dolores Fernández disse...

Excelente o seu artigo Aline. Vendo jovens que tem esse discernimento, me alegro muito. Você tem razão, há muita hipocrisia e dissimulação. É necessário tratar o amor e os sentimentos de forma mais honesta e acabar com essa ditadura que aprisiona e leva os jovens a fazerem escolhas erradas. E muitos adultos a se imolarem em vida. Não me esqueço jamais de uma cena que presenciei em uma reunião de diretoria de Igreja em que se tratou da "exclusão" de dois jovens que haviam se conhecido como homem e mulher, ela engravidou. Eu ainda não tinha 1 ano de convertida, mas, pela experiência profissional, já atuava como secretária eclesiástica do pastor. E jamais me esquecerei da dor que vi nos olhos daquele servo de Deus sendo pressionado pelos "guardiões da moral" a aceitar a estupidez proposta, que foi “decretada” pela maioria e lida em sessão ordinária. E eu ali, a tudo assistindo e registrando, perplexa e triste. Os dois se casaram, tiveram filhos e foram felizes. E só foram aceitos de volta depois do casamento. Eles foram muito benevolentes e perdoadores. Quanta incongruência! Há muita infelicidade reprimida por aí, arrasando as pessoas por dentro e por fora. E muita falta de amor e discernimento. Continue escrevendo seus artigos, com essa clareza e argumentação. Bjs, Dolores Fernández.

Patrick Esteves disse...

Aline, não preciso dizer que sou seu fã e que estava com saudades de seus textos, principalmente quando me enviava por e-mail. E me alegrou muito vê-la essa semana no Pedro II. Mas vamos ao artigo: Amor, essa é a verdadeira disciplina de que um ser humano cristão necessita quando, infelizmente, transgride, de alguma forma, as orientações de Deus; e não esse julgamento que dão como forma do próprio "castigo" de Deus para os "infratores". Essas pessoas que determinam isso talvez realmente nunca tenham pecado e por isso, talvez tenham tamanha dimensão do quanto isso afeta o coração de Deus, diferentemente das atitudes deles próprios em julgar os seus irmãos dessa maneira. Mas mesmo quando têm razão em pôr em disciplina por algum motivo esquecem-se de que isso significa estar ali ao lado daquele que pecou, constatemente fazendo-o se recuperar de toda a dor que ele próprio já está sofrendo por reprovar-se e voltando a experimentar de todo o amor que Deus tem para com ele. Pois o próprio Deus disciplina desta forma: com amor. Por que os grandes líderes desta geração tratam de maneira diferente? Será que eles conhecem melhor do ser humano e de seus problemas do que Deus (que diga-se de passagem é o criador do ser humano).

Bom, meu manifesto é total a favor do pensamento da minha querida e amada irmã em cristo Aline Ponciano, que também é uma amiga que admiro e amo demais.

Minha felicidade é tamanha por muitos motivos e dentre eles, com certeza por participar de uma geração que consiste de pessoas com discernimento, mente aberta e amor ao ser humano como às leis de Deus como você Aline.

Deus continue te abençoando muito e conduzindo você a sempre fazer bom uso dos dons que Ele te agraciou!

Muitas saudades de você amiga! Precisamos de alguns tempos juntos.

Até breve!

A paz!

Patrick Esteves